
Em 2018, em entrevista ao portal Olimpíada Todo Dia, o ex-corredor Robson Caetano foi um dos muitos a dizer algo que frequentemente se ouve da boca tanto de ex-atletas quanto de jornalistas: “brasileiro não gosta de esporte”.
Essa afirmação geralmente parte do pressuposto de que, com exceção do futebol (cujo estatuto no país é praticamente o de uma religião), o brasileiro médio só acompanha determinados esportes quando há algum conterrâneo seu com altas chances de vitória.
Como veremos a seguir, há indícios que nos levam a concordar com aqueles que compartilham dessa opinião. Por outro lado, também é possível ver na atual popularidade da Fórmula 1 um contra-argumento bastante convincente.
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Batendo de frente com o UFC

Como podemos ver no infográfico apresentado no blog da ExpressVPN, o qual revela (com a ajuda da ferramenta Google Trends) quais são os esportes mais assistidos on-line pelos brasileiros, o futebol aparece em primeiro lugar. O que surpreende, contudo, é ver o UFC e a Fórmula empatados em segundo lugar, com 90 mil buscas mensais na internet.
Não é difícil entender a popularidade do UFC, a maior de todas as organizações de artes marciais mistas. Além do sucesso em um passado recente de nomes como Anderson Silva e Junior Cigano, o Brasil segue tendo lutadores de alto nível, como Charles do Bronx e Amanda Nunes.
O caso da Fórmula 1, contudo, é muito diferente. Desde 2017 (quando Felipe Massa corria pela Williams), a principal modalidade de automobilismo do mundo não tem nenhum brasileiro entre um dos dois pilotos titulares de suas equipes.
O circo resiste
Não foi por acaso que, em 2020, quando a rede Globo anunciou que deixaria de transmitir os grandes prêmios da categoria (depois de quarenta anos fazendo-o de forma ininterrupta), houve quem pensasse que veríamos uma queda de popularidade da F1 no Brasil.
E quem poderia julgar os que tiveram essa impressão? Sendo indiscutivelmente a emissora mais popular do país — como se vê no ranking do Painel Nacional de Televisão de dezembro de 2021, a Globo tem uma capacidade que nenhuma outra rede televisiva possui de popularizar qualquer evento.
Entretanto, o que vem se passando desde 2021, quando a Band começou a transmitir a F1, é que a categoria tem atingido ótimos números de audiência — a tal ponto que a Globo tentou retomar (sem sucesso) os direitos de exibir suas corridas. Como explicar esse fenômeno?
A F1 em qualquer tela
A resposta mais fácil para essa pergunta está na própria qualidade dos pilotos em atividade, dentre os quais se destacam o britânico Lewis Hamilton (da Mercedes), o holandês Max Verstappen (da RBR) e o monegasco Charles Leclerc (da Ferrari).
E, se inclusive os brasileiros são capazes de valorizar as qualidades desses pilotos, isso é resultado dos anos em que o próprio país teve grandes nomes na F1, como Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna.
Assim, mesmo sem nenhum conterrâneo por quem torcer, o brasileiro aprendeu a se tornar um apreciador de automobilismo. E isso basta para que ele vá de bom grado aonde a Fórmula 1 o conduzir: Globo, Band ou internet.