"Uma apresentação maravilhosa". Foi assim que o clarinetista britânico Jonathan Cohler definiu a performance ao lado da Orquestra Sinfônica de Santo André ocorrida domingo à tarde no Auditório Cláudio Santoro, em Campos do Jordão durante a programação do 37º Festival Internacional de Inverno da cidade.
Sob a batuta de Flavio Florence, a formação andreense protagonizou, ao lado de Cohler, uma performance perfeita composta por obras de Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908), Mozart (1756-1791) e Dmitri Shostakovich (1906-1975). No programa constaram as peças Capricho Espanhol Op. 34, de Korsakov; Concerto
Sem qualquer problema com a acústica do local, considerada perfeita por Cohler, a Sinfônica empolgou os presentes durante a execução da primeira obra do programa e na apresentação solo de Fabian Figueiredo no violino. Mas foi quando Cohler solou na obra de Mozart, homenageado por conta dos 250 anos de seu nascimento, que a platéia se empolgou.
Considerado um dos grandes instrumentistas do momento e fazendo sucesso na Europa e no Japão, o cla-rinetista mostrou que o sucesso não é à toa. Assim que a obra que contou com sua participação terminou, o britânico, que atua também como regente da Sinfônica de Brockton, recebeu aplausos ininterruptos da platéia durante mais de dois minutos.
Pela primeira vez em Campos de Jordão e também ao lado da Sinfônica, Cohler deixou o palco animado com a apresentação. Esbanjando simpatia, ele falou sobre o encontro com a formação de Santo André. "É um prazer estar ao lado da Orquestra Sinfônica de Santo André. Eles fazem um belo trabalho. É realmente um grande prazer dividir o palco com eles".
Sobre o festival, o músico aproveitou para ressaltar a importância de eventos com esse caráter para o público que aprecia música instrumental e para a formação de novos talentos. "Além disso, encontros como esse juntam pessoas de diferentes países e há a possibilidade de se conhecer jovens que serão grandes músicos no futuro". A acústica do auditório Cláudio Santoro também recebeu elogios do convidado. "É um espaço muito confortável e a qualidade sonora é muito boa".
Público - Longe da agitação do centro de Campos do Jordão, que fervilhou no domingo por conta do tempo estável e sol quente, o público do concerto era formado em sua maioria por adultos e idosos. A dona de casa Rosana Martins Garcia, 45 anos, moradora de Sumaré, interior de São Paulo, veio participar do 37º Festival Internacional de Inverno de Campos e aproveitou para conferir a performance da Sinfônica. "Não conhecia a orquestra, mas gostei muito das peças apresentadas no programa", contou. Já Norma Porcher, 77, acompanha o trabalho da Sinfônica andreense há pelo menos 12 anos. "Moro em Ubatuba, mas passo o mês de julho num apartamento que tenho na cidade e como gosto de música não perco uma apresentação da Sinfônica aqui", afirmou. Além da qualidade dos músicos, Norma ressaltou o talento de Cohler e a importância do acesso das pessoas à música. "Eu não saberia viver sem música. Não dá para se imaginar sem isso aqui. É um alimento para as pessoas".
Morador de Santo André, o professor Osvaldo Venezuela, 42, aproveitou sua passagem de uma semana por Campos para prestigiar a formação do Grande ABC. "Gosto muito de música clássica, mas não sou um especialista. Mas considero que a exibição foi muito boa. Tivemos momentos muito agradáveis aqui", concluiu.