
Receber um livro é sempre um gesto de afeto. Receber um livro como este é um gesto de profunda comunhão. "Vida e Missão: 80 anos da Igreja Metodista em Campos do Jordão", organizado por Benilson Toniolo, não é apenas um registro histórico ou uma coletânea de memórias pastorais: é uma declaração de amor à cidade, à fé, à cultura e à identidade jordanense. Agradecer por essa obra é, portanto, mais do que uma cortesia – é um reconhecimento público da importância de quem a idealizou.

Benilson Toniolo demonstra em cada página a densidade do seu compromisso com a memória coletiva. Ele não apenas organizou os textos; ele costurou sentidos, reuniu vozes, sistematizou testemunhos e traduziu, em papel e tinta, aquilo que por décadas foi vivido nos bancos da velha igreja da Abernéssia. Sua contribuição transcende o campo da edição: é a de um curador da memória afetiva de uma comunidade inteira.
Ao reunir reflexões pastorais, narrativas locais e registros de transformações urbanas, sociais e espirituais, o livro se estabelece como documento ímpar. Nele está a história não contada nos manuais oficiais, mas guardada nos olhares, nos cultos, nas músicas, nas lágrimas e esperanças de gerações que viram Campos do Jordão evoluir. Mais do que isso, o livro mostra como a Igreja Metodista foi parte ativa dessa evolução: acolhendo enfermos no tempo da tuberculose, evangelizando com firmeza e ternura, formando consciências e influenciando silenciosamente a história da cidade.
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Não se trata de proselitismo ou saudosismo. Trata-se de um registro preciso, afetuoso e bem documentado de um processo histórico que, de outra forma, correria o risco de ser apagado. A Igreja Metodista em Campos do Jordão, fundada em 1942, atravessou momentos decisivos da história nacional e regional: o ciclo da tuberculose, o advento do turismo, o desenvolvimento urbano e a complexificação da vida religiosa no Brasil. Em todas essas fases, seus membros permaneceram fiéis à sua missão.
O texto de apresentação assinado por Benilson já nos prepara para a profundidade da obra. Em linguagem elegante e envolvente, ele descreve os metodistas jordanenses como sentinelas silenciosas, ajoelhadas em oração, mas de olhos bem abertos para as transformações do mundo. Seu texto é um convite a ver a história através das janelas do templo, mas também a perceber o templo como janela do tempo.
O livro, mais do que uma retrospectiva, é também uma proposta de futuro. Ao dar voz a diferentes gerações de pastores e membros da igreja, revela como a fé pode dialogar com a cultura, como a espiritualidade pode ser ferramenta de transformação social, e como o compromisso com o bem comum é também uma expressão de amor cristão.
A edição é cuidadosa, com destaque para as imagens da igreja e os elementos gráficos que remetem à identidade visual da cidade. Mas o que torna a obra ainda mais valiosa é sua autenticidade: não é um livro para impressionar, mas para preservar, para formar, para inspirar.
Aos leitores não-metodistas, a leitura oferece uma rara oportunidade de mergulhar em um universo espiritual que, mesmo discreto, ajudou a moldar o caráter e a ética de muitos dos que passaram pela vida pública, pela educação, pela ação social em Campos do Jordão.
A todos nós, o livro de Benilson Toniolo é um presente: um convite à gratidão, à memória e à esperança. Um lembrete de que, mesmo em tempos de transições rápidas e memórias curtas, ainda há quem se disponha a registrar com cuidado, profundidade e sensibilidade a história viva de uma comunidade de fé.
Obrigado, Benilson, por esse gesto tão generoso. Obrigado por nos lembrar que a memória é um dom, e que contá-la é um ato de coragem e de amor. Que esta obra inspire outras, e que os próximos oitenta anos da Igreja Metodista em Campos do Jordão sejam igualmente fecundos, atuantes e fiéis ao legado que você tão bem soube preservar.
Carinhosamente: Alan C. Germano